O poeta não gosta de palavras
escreve para se ver livre delas.
A palavra
torna o poeta
pequeno e sem invenção.
Quando
sobre o abismo da morte,
o poeta escreve terra,
na palavra ele se apaga
e suja a página de areia.
Quando escreve sangue
o poeta sangra
e a única veia que lhe dói
é aquela que ele não sente.
Com raiva
o poeta inicia a escrita
como um rio desflorando o chão.
Cada palavra é um vidro em que se corta.
O poeta não quer escrever.
Apenas ser escrito.
Escrever, talvez,
apenas enquanto dorme.
Talvez a
física quântica permita um dia escrever versos com raios de luz. O espectro em
vez do tinteiro.
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