A pintura é um dos três fragmentos sobreviventes de um
grande painel de retábulo do século XV e releva-nos uma mulher de face pálida e pálpebras ovais
típico dos retratos das mulheres nobres na pintura flamenga. Está
identificada como Madalena no seu atributo usual - a jarra de alabastro - e está concentrada na
leitura, num modelo de vida contemplativa, arrependida e absolvida de pecados
passados.
..
O manuscrito - repare-se no pano branco que o protege do contacto com o mundo - "parece mais uma Bíblia
do século XIII” e é "sem dúvida um texto devocional". Está
sentada numa almofada vermelha e descansa as costas num aparador de madeira.
A vista que se tem
através da janela é um canal distante, com um arqueiro no cimo do muro do
jardim, e uma figura a caminhar do outro lado da água com reflexo.
No período medieval, a pele simbolizava a
sexualidade feminina e era, muitas vezes, associada a Maria Madalena. Veste uma
túnica verde, que está presa debaixo do peito por uma cinta, enquanto o brocado
dourado do seu saiote tem joias a decorá-lo. Repare-se no detalhe com a jarra e linha de
pregos no chão de madeira no canto inferior direito do painel.
O passado de Madalena como ‘mulher da vida’
está representado pela felpa do forro de pele do seu vestido e pelos poucos
fios de cabelo que ficaram fora do véu. "Até os seus dedos, posicionados
em forma de círculo, sugerem plenitude e perfeição. Na sua combinação entre
pureza e erotismo, a Madalena de Van der Weyden transmite-nos um todo completo.
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