A história desta mulher polaca acusa a nossa indiferença. Ela salvou 2.500 crianças no gueto de Varsóvia entre 1941 a 1943 e não revelou o feito a ninguém. É um trabalho escolar de fim de curso, que faz com que alunos de Kansas se interroguem sobre o passado desta mulher que todos pensavam estar morta. Não encontravam dados, pois em todos os registos estava escrito 'Condenada à morte e fuzilada'. Resolveram então visitar a campa e descobriram que afinal não havia campa, Irena Sendler estava viva com 96 anos num lar em Varsóvia.
Dos factos, eles apuraram o seguinte: Durante dois anos e meio a trabalhar como Assistente Social, Irena conseguiu ludibriar os nazis e conseguiu fazer sair do gueto adolescentes, crianças e bebés, muitos deles disfarçados sob a forma de pacotes, malas, sacos de batata, em camiões do lixo e enviá-los para o seio de famílias católicas, para orfanatos, conventos ou fábricas. Para evitar as inspecções, ela registava as crianças com nomes católicos fictícios ou inscrevia-as como pacientes de doenças muito contagiosas, como o tifo ou a tuberculose. Depois escondeu as identidades verdadeiras e falsas num jardim, dentro de potes e garrafas, para que um dia pudesse ser possível o regresso às famílias. Foi descoberta. Durante o período em que ficou detida no quartel-general de Gestapo partiram-lhe as pernas, mas nada disse sobre as actividades ou as pessoas que a tinham ajudado. Assim, foi condenada à morte, mas milagrosamente foi salva quando a conduziam à execução por um oficial alemão, que a resistência polaca conseguiu subornar.
«Morreu hoje», afirmou a sua filha Janina Zgrzembska sem dar mais detalhes. Era a noite de 12 de Maio de 2008. Os alunos que fizeram o trabalho escolar enviaram à família uma mensagem que dizia «Perdemos um gigante da raça humana». É verdade.
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