Quarteto 1111 - Onde, Quando, Como, Porquê, Cantamos Pessoas Vivas



É por aqui que se começa
Pelas palavras simples
Recusando a amargura
Nas margens do poema
Pelas pessoas vivas

É por aqui que se começa
Pela fúria de começar
Com a voz em liberdade
Sem muralhas no olhar
Cantando pessoas vivas

É por aqui que se começa
Pela fúria de começar
Usando palavras simples
Cantando pessoas vivas
Ensinando-as a pensar

Quando percorro as margens deste rio
Jogando letra a letra, verso a verso
As idéias que hora a hora, dia a dia
Me repetem, me ensinam
O caminho do processo
Hora a hora, dia a dia, verso a verso...

Quando escrevo nas paredes o teu nome
E sinto intensamente à flor da pele
A estranha sensação de quem encontra
Esse nome, o teu nome
Voando no papel
O nome do meu hotel, liberdade...

Quando passo pela ponte deste rio
A quem também chamei de Rio Dourado
E sinto intensamente a alegria
Me encontro, e renasce em mim
O canto da verdade
O espelho da verdade, que me invade...

E parto a pensar no meu regresso
E volto a pensar na despedida
Acordo no país a que pertenço
E aprendo, e repito
A palavra proibida
A palavra esquecida, liberdade.

Onde, Quando, Como, Porquê, Cantamos Pessoas Vivas é o segundo (e último) álbum de originais da banda portuguesa Quarteto 1111. Com uma sonoridade próxima do rock progressivo-sinfónico, a lembrar King Crimson, Renaissance ou Jethro Tull, foi gravado em 1974 e lançado em Janeiro de 1975. Em 2008, conheceu uma edição em CD, na colecção "Do Tempo do Vinil".
Composto por duas faixas (exigência do vinil), possui uma estrutura baseada nas cinco partes nomeadas no título. Cantamos Pessoas Vivas, que abre e fecha o álbum, parte de um poema de José Jorge Letria a que se juntam versos de José Cid (que aqui surge muito melhor que habitualmente), autor de todas as restantes letras e melodias do LP. Além de Cid na voz e teclas, a formação do Quarteto na altura da gravação incluía Mike Sergeant (baixo e guitarras), Vítor Mamede (bateria) e António Moniz Pereira (guitarras).
Musicalmente inovador, experimental, fresco, o álbum reflecte o contexto do 25 de Abril, abordando o sentimento de alegria e esperança vivido após o derrube do Estado Novo. Na opinião de alguns, este é o melhor trabalho de música ligeira em Portugal.

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