A vaca rumina o seu alimento no estábulo cheio de
forragem,
Eu encosto a cara ao seu flanco enorme
E sinto, vindo do interior das suas profundezas, o
calor,
O calor do feno colhido nos campos.
Sobre os seus cornos escuros está suspensa uma
lâmpada eléctrica
Que traz luz até ao balde do leite.
Não posso abandonar a vaca.
Com a cara encostada ao seu flanco, cheiro o leite
coberto de espuma.
A leiteira retira o balde com cuidado
E pára por um instante, com as mãos a pingar.
Diz:
"Você é veterinário?"
Descolo a cara da vaca:
"Não, poeta."
Ela ri-se e estuda-me com os olhos azuis,
Simpática, sábia, serena.
Reflecte um pouco e compreende
Que eu não consigo escrever uma linha sem uma
vaca...
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