Poemas eróticos acerca do Caguinchas



   Diz a acusação:

O réu, facínora, ignóbil meliante
Dizem, unânimes, as testemunhas
Arrastou a vítima, loira, suplicante,
Para detrás duma sebe verdejante
Onde lhe arruinou o verniz das unhas!

O monstro, coincidem depoimentos e provas
Acrescentou ao rol de torpes aleivosias,
Devassa de úberes e quejandas manobras
Próprias dum vândalo, dum trolha d'obras
Transportado nas mais uivantes fantasias.

Cevou-se, o ogre - fedendo a cavalo e suor-,
Na lingerie "Victoria’s", no perfume Chanel;
Na demanda alucinada dum qualquer record
Atirou-se ao penteado Galeano, à saia Dior,
Com requintes de Sade e Maquiavel!

E para cúmulo e espanto dos vindouros
Ainda no mesmo e agreste arrastão,
O sevandija, o biltre, o mata-mouros
Serviu-se dos belos cabelos louros
Como guardanapo para a vil refeição!

   Diz o arguido:

Protesto, meritíssimo, com veemência!
Tudo isto são mentiras, boatos, calúnias!
Não eram louros, os cabelos, mas mera aparência!
Eram oxigenados, falsos - juro!- vácuos de essência,
Merecedores, eles sim, de podas escalfúrnias!...

Em suma: é gente invejosa, soez, que me quer mal!
Canalhas que nunca desarmam e sempre insistem!
Malsinar que arrastei é o mais evidente sinal
Da calúnia; pois todos sabem que tal qual
pilhões (e já agora colhões), em Portugal,
também arrastões são quimeras que não existem.


      Muito bem escrito. O autor é o Dragão do blogue Dragoscópio que se define como um blogue pirata, uma forma de Kung-fu, uma arma de observação maciça. Quanto ao poema, eu que não gosto de palavrões - a não ser no sítio certo - recomendo o artesanato de barro. 

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