João Miguel Fernandes Jorge


Acabei hoje o sabonete cujo uso iniciaste aquando
o teu último banho cá em casa. Ficaram coisas que
te pertencem e que não sei se deva guardar,
a saber: um candeeiro, um desenho, uma fotografia.
Outras coisas ficaram
alguns discos e já não sei que livro. Não ferem tanto.
Há ainda a memória da pele, o amarelo dos olhos e
algumas expressões do teu português falado.
Mas estas últimas coisas já se confundem com o 
espírito da casa, quero dizer-te com a poeira da
casa.


      in, A Jornada de Cristóvão de Távora

      João compre um aspirador, a vassoura nunca apanha tudo. Quanto às coisas deixe-as ficar em lugares visíveis.

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