Há-de
uma grande estrela cair no meu colo...
A noite
será de vigília,
E
rezaremos em línguas
Entalhadas
como harpas.
Será
noite de reconciliação -
Há tanto
Deus a derramar-se em nós.
Crianças
são os nossos corações,
anseiam
pela paz, doces-cansados.
E nossos
lábios desejam beijar-se -
Por que
hesitas?
Não faz o meu coração fronteira com o teu?
O teu
sangue não pára de dar cor às minhas faces.
Será
noite de reconciliação,
Se nos
dermos, a morte não virá.
Há-de
uma grande estrela cair no meu colo.
Else
Lasker-Schüler é uma escritora próxima do expressionismo alemão, original e
profunda no seu Zeitgeist. Nascida em 1869 na Renânia, de família judaica,
companheira da boémia literária de Berlim dos princípios do século XX, esta
autora sublinhou desde sempre a sua diferença em relação aos que a rodeavam:
"Nunca pude ser comparada a outras pessoas (...) porque a minha fronte era
o céu da noite".
Os
primeiros poemas são de 1899, e depois surgem a participação na revista
"Der Sturm", dois casamentos desfeitos, a fuga para a Suíça em 1933
(ano em que Hitler chega ao poder) e os últimos anos vividos na Palestina em
condições miseráveis, até morrer em 1945. Para conhecer Else Lasker-Schüler é
aconselhável ler as traduções de João Barrento, "Baladas Hebraicas".
No poema surge a boa e amarga Estrela de David.
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