Natalia Litvinova




Lavo o chão de gatas. Passo o trapo molhado.
Traço o meu humilde caminho.
Lá fora dá-se o milagre da comunidade:
um coro de crianças canta, os homens ceifam o trigo,
as mulheres banham-se no rio.
Encosto-me ao espelho, a solidão excita.
Um destes dia esta casa será derrubada e as ervas
cobrirão as ruínas.
O meu homem fugiu vendo vir o perigo.
Na poesia encontro a oração para suportar
cada corte abrupto.

   Esta autora, nascida na Bielorrússia, a residir na Argentina, escreveu ainda:

Los poemas tristes
son un secreto homenaje a la alegría.
De ser posible, yo pediría nacer barco,
uno que va hacia su naufragio
y sabe que hay un iceberg para él.
Mi vida consistiría en aprender
a nadar tranquila.

Sem comentários:

Arquivo do blogue