Adriane Garcia - Acender as luzes




Abaixo pálpebras
E apago o dia
Dentro de mim
O escuro avia
Minha intimidade

Pudesses me tocar
Eu diria:
– Aí dói muito
E tu deixarias
Quieto
O meu rio?

Os peixes nadam
Num lodaçal difícil
E ainda há um monstro
De comer pântanos

Tu fazes um
Movimento brusco
Eu choro e
Me inundo
E para não me afogar eu
Abro os olhos.

      Poema da poetisa de Belo Horizonte, Adriane Garcia, que em 2015 editou um livro de título sugestivo: Enlouquecer é ganhar mil pássaros. Estes versos descrevem um abrir e fechar de olhos, e dizem que a vida é o que é e que não há relações fáceis.

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